Ouvindo Deus no deserto


O deserto é um lugar especial no coração de Deus e, não há um filho Seu que ainda não tenha passa por essa situação. Para entender o deserto e o seu significado, é preciso que nos posicionemos, para que possamos compreender, de fato, qual a importância e a relevância que temos. Mas você pode se perguntar: quem sou eu? E que importância tenho?

Você foi criado à imagem e à semelhança de Deus e, isso quer dizer que não há nada mais importante nessa vida do que você; só Deus é mais proeminente do que o homem, porque Ele é a essência de todas as coisas. Os anjos, por exemplo, não tiveram esse privilégio. Foram criados como seres espirituais especiais para estarem à disposição do Altíssimo. Porém teve um ser, Satanás, que desejou tanto esse direito e, buscando a posição de ser igual a Deus, tornou-se maldição para sempre. Eu e você, contudo, somos a imagem e semelhança do Pai. Aleluia!

Outro aspecto significativo é o fato de que somos filhos de Deus e ocupamos um lugar distinto no coração desse Pai. Qual o pai que não deseja o melhor para o seu filho? Todos aqueles que são pais sabem que, ao nascerem os filhos, sua dedicação a eles é quase exclusiva. E, embora os filhos cometam alguns deslizes, alguns erros, jamais deixarão de ser filhos; seus pais, em tempo algum, os abandonarão. Pai é pai! Eles sabem o que é o melhor para os seus filhos.

Um dia eu achei que tinha o pior pai do mundo. Um sujeito rude, que ao meu ver era desprovido da capacidade de compreender; um ditador, um senhor feudal. Eu tinha medo dele e, por muitos anos vivi assim... Quando conheci a Jesus, deparei-me com algo que não gostei: o mandamento de honrar pai e mãe. Honrar minha mãe, tudo bem! Agora, honrar o meu pai... onde estavam os motivos?

Certa vez, após um longo período de oração, encontrei-me com uma irmã que Deus havia colocado à minha frente como bênção. Eu lhe confidenciei não conseguir amar o meu pai e em prantos passei a narrar para aquela irmã alguns fatos. Ela me disse: meu filho, nenhum fato, jamais, sobrepujará o mandamento de honrar pai e mãe, ainda que isso vá de encontro a toda lógica humana que se estabeleceu em sua vida. Eu não gostei daquela resposta; achei que a irmã não tinha me compreendido... mas, ela sabia muito bem o que estava falando.

Meu pai podia até ser o melhor pai, todavia eu não o via assim devido as amarras que não me deixavam enxergar o bom homem que ele era; só via o que me interessava. Na verdade, as atitudes de meu pai, por mais violentas que fossem, desejavam imprimir nos filhos o melhor. Mas, só compreendi isso depois.

Quando cresci, numa busca desesperada por uma resposta, pedi a minha mãe que me falasse dos meus avós paternos. Ela me disse: seus avós morreram muito cedo quando o seu pai ainda era uma criança. Esse fato fez com que os irmãos mais velhos fizessem uma reunião e, na ocasião, meu pai não estava. Quando chegou, ninguém percebeu sua presença. A conversa era para decidir onde ele ficaria, pois nenhum dos irmãos o queria em casa por ser muito agitado. A opção foi morar com uma tia numa realidade muito diferente da sua, a começar pela casa que de tão pequena não havia espaço ao menos para que dormisse. Dessa forma, descansava na cocheira junto aos cavalos...

Lembra que falei daquelas ações duras do meu pai comigo? Eram para me dizer: "eu não quero você dormindo numa cocheira"; "eu não quero que meus filhos não tenham um teto para abrigá-los". A partir de então, ele deixou de ser o último homem do planeta Terra, para ser o primeiríssimo da minha vida, pois entendi que ele era espetacular! Aleluia! Não há pai que não gere o seu filho em amor. E, se ele não demonstra amor por você é porque muitas vezes ele não sabe como fazê-lo. Ele o ama. Aí, você me pergunta: pastor o que tudo isso tem a ver com deserto? Você vai entender.

O deserto é um lugar de escassez, onde os elementos vitais, como água e alimento, características básicas, quase não existem. Isso não parece antagônico? Começar a ministração falando de algo tão bom, especial e ter esse significado: escassez? Depende do seu ponto de vista.

Só há um deserto que não é bom na vida de uma pessoa: o deserto do pecado, da rebelião, do coração distante de Deus; o deserto da quebra de princípios. Porém, estou falando a filhos e a candidatos a filhos de Deus.

Em Mateus 4:11 lemos a narrativa de Jesus no deserto. O deserto é uma marca inerente aos grandes homens de Deus. E, se você acredita ser um líder ou alguém que recebeu um chamado, um comissionamento da parte de Deus, há de passar por um grande deserto. Esse lugar passará a ser um lugar especial no seu coração. Pois não há nada de Deus para nós que deixemos de gostar. O que existe, na verdade, é uma ignorância, um desconhecimento de causa.

Quando Deus chamou Abraão na Babilônia, Ele não se importou com os grandes feitos, nem as riquezas e status que tinha. Deus não alertou a Abraão que ele seria moído no deserto e o quanto seria difícil para que ele trabalhasse suas economias naquele lugar. Sabe por quê? Deus não tem uma visão circunstancial; Ele sempre tem em mente o resultado que quer produzir em nós. Quando o Senhor nos chama é sempre para algo maior do que somos, e maior do que temos. Todos têm um chamado de Deus. Até você que pensa: "será que estou no lugar certo, fazendo a coisa certa?", tem um chamado. Isso é a crise do deserto e de quem não tem conhecimento de causa e nem da missão que possui. Contudo, Deus tem paciência e quer lhe ensinar e lhe conduzir em todo o tempo para um lugar melhor.

Jamais a palavra de Deus vai nos encontrar em um lugar e vai nos deixar no mesmo lugar ou num lugar pior. Pelo contrário, quando a palavra nos encontra, leva-nos a um lugar mais adiante... E, se essa palavra lhe encontrou, não vai deixar você perecer no meio do caminho; não vai deixar você ser humilhado, reduzido à pobreza, à miséria... Deus levará você para a terra que mana leite e mel, um lugar de glória, um caminho maior.

Deus só tem pensamentos bons para os seus filhos, a despeito do contexto familiar ou traumas que você tenha com relação a seus pais. Ele é um Pai perfeito e
n'Ele não habita injustiça.

Amigo e Irmão


A vontade de Deus para nós é a nossa santificação. "Sede santos como eu sou Santo, sede perfeitos como o Pai Celeste é perfeito" ( cf. 1Pd 1,16 ).

O Senhor nos quer perfeitos nEle. Ele está trabalhando em nós para sermos a sua imagem. Num jardim encontrou muitas flores, mas escolheu apenas algumas; não porque sejam as mais bonitas ou as mais perfeitas: mas, por escolha, elas agora são minhas, pertencem a mim.

Um oriental, um hebreu, diria que essas flores escolhidas e tiradas do meio das outras seriam "Kadoshi", quer dizer, santo. "Santa" não porque são as mais bonitas ou perfeitas, mas porque são escolhidas e tiras do meio das outras e agora pertencem àquele que as escolheu''. "A vontade de Deus é a vossa santificação'' (1 Ts 4,3).

Ainda não somos totalmente do Senhor. Pertencemos muito a nós mesmos e ainda pertencemos ao mundo. Precisamos viver a nossa realidade: E pertencemos ao Senhor, como flores escolhidas por Ele. Já fomos tirados do mundo e selecionados para o Senhor.

Somos consagrados ao Senhor, estamos a Seu serviço em regime de dedicação integral. Por isso, também nossas ações são consagradas. Somos fermentos, sal, não por aquilo que somos, mas por aquilo que Deus realizou em nós. Por causa da presença de Deus em nós e da nossa pertença a Ele, fermentamos onde estamos; somos luz para este mundo. Somos de Deus, Ele está em nós, estão tudo em nós leva a Sua marca Se somos pertença Sua, precisamos realizar a Sua vontade. "E esta é a vontade de Deus: a nossa santificação".


Para os que são do Senhor, Sua volta é alegria. Ele virá glorioso. Ele virá para triunfar; para levar Sua vitória àqueles que lhe pertencem. Então os motivos são de alegria e não de pesar. Nada de medo!


Erasmo Nascimento

A Queda e Restauração de Pedro


A queda e restauração de Pedro

Pedro havia seguido Jesus de certa distância quando Jesus fora levado para ser julgado pelos principais sacerdotes e pelo Sinédrio. Testemunhas falsas haviam mentido a seu respeito. Alguns haviam cuspido nele. Outros baterem nele com as mãos, zombaram dele. "Estando Pedro embaixo no pátio, veio uma das criadas do sumo sacerdote e, vendo a Pedro, que se aquentava, fixou-o e disse: Tu também estavas com Jesus, o Nazareno. Mas ele o negou, dizendo: Não o conheço, nem compreendo o que dizes. E saiu para o alpendre. [E o galo cantou.] E a criada, vendo-o, tornou a dizer aos circunstantes: Este é um deles. Mas ele outra vez o negou. E, pouco depois, os que ali estavam disseram a Pedro: Verdadeiramente, és um deles, porque também tu és galileu. Ele, porém, começou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais! E logo cantou o galo pela segunda vez. Então, Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes. E, caindo em si, desatou a chorar" (Marcos 14:66-72). 

Algumas horas antes, Pedro havia jurado ficar ao lado de Jesus, e até morrer com ele, se necessário, independente do que os outros fizessem (Marcos 14:29-31). Não duvidamos da sua sinceridade, nem questionamos suas intenções, mas como Jesus disse, "O espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca" (Marcos 14:38). 

Então quando os soldados vieram prender Jesus, Pedro tirou sua espada e teria lutado até a morte. Naquela hora, ele ainda não entendia a natureza pacífica do reino de Jesus. Sendo reprimido e ordenado a guardar sua espada, e vendo o Senhor milagrosamente curar o homem que ele havia ferido deve ter o confundido bastante. E depois assistir mentirem sobre seu Senhor, cuspirem nele, baterem nele e zombarem dele enquanto ele não dizia e nem fazia nada em sua própria defesa. A vergonha e desgraça eram tantas que Pedro, com todas as suas boas intenções – sucumbiu à fraqueza da carne. O homem que fora tão confiante – talvez confiante demais – de sua devoção a Jesus, encontrava-se negando até mesmo que o conhecia. Negar seu Senhor com uma maldição e um juramento. Assim como Jesus predisse que ele faria (Marcos 14:30). 

Aprendemos, observando as ações de Simão Pedro, que é preciso ter menos coragem para carregar uma espada do que para carregar a vergonha da cruz. Mas Jesus disse, "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me." (Marcos 8:34 ). 

Regozijamos que a negação de Pedro a respeito de Jesus foi uma recaída temporária. Ele arrependeu-se e continuou em frente para tornar-se um dos cristãos mais eficazes e mais influentes que já viveu. Que Deus permita que nós, também, possamos superar nossas fraquezas e sermos servos fieis de Deus.

Clarence R. Johnson